Como todos devem saber, os endereços IPv4 – versão em uso atualmente, estão chegando ao limite. A demanda por endereços vem aumentando exponencialmente e o órgão regulatório mundial (IANA) já não conta mais com endereços disponíveis para distribuir aos RIRs (entidades regionais, que cuidam do endereçamento IP).
Mas muito antes de chegarmos a esta situação, no início da década de 90, começaram os primeiros estudos sobre o esgotamento do IPv4. A partir de então vários mecanismos foram utilizados para retardar o esgotamento dos endereços IPs (CIDR, DHCP e NAT, por exemplo).
Porém, percebendo que estas medidas não teriam grande impacto, em 1992 começaram estudos para o desenvolvimento da nova geração do protocolo IP, então chamado IPng.
Pelo menos 6 projeto foram iniciado (esses, talvez, seriam o “IPv5”), e acabaram convergindo, em 1998, para o hoje chamamos de IPv6.
Principais Características do IPv6
O IPv6 possui maior capacidade de endereçamento, se comparado ao IPv4. Enquanto o IPv4 possui 32 bits o IPv6 possui 128 bits. Além disso foi melhorada a função de multicast e criado o anycast, novo tipo de endereço.
No IPv6 não existe mais o broadcast, de camada 3.
Apesar de ter mais espaço para endereçamento o IPv6 teve o cabeçalho base simplificado, o que deve aumentar a capacidade de roteamento dos equipamentos. Um campo foi adicionado, seis foram removidos e quatro tiveram o nome alterado. Além disso cabeçalhos adicionais (de extensão) foram definidos, e assim podem ser incluídos quando necessário.
O novo protocolo também conta com a possibilidade de agregar autenticação e criptografia (através de cabeçalho de extensão) e possui capacidade de identificar fluxo de dados, não requer uso de NAT e com o IPv6 a fragmentação pode ser realizada apenas na origem e destino.
Utilização do IPv6 hoje
Inicialmente acreditava-se que a partir de 2000 a implementação do IPv6 ia deslanchar, e hoje já estaríamos, quase que totalmente, rodando em IPv6.
Mas isso ainda não aconteceu.
No Brasil já foram distribuídos cerca de 150 blocos IPv6 /32, porém apenas 30% estão sendo roteados efetivamente.
O medo da mudança e a necessidade de investimento, pois muitos equipamentos não suportam o novo protocolo, são dois fatores que tem atrasado a adoção do IPv6.
Mas apesar do atraso em relação as previsões, não há no horizonte outra opção senão a migração.
nic.br
O nic.br é órgão que administra a distribuição de domínios e endereços IP no Brasil.
Para incentivar a adoção do IPv6, atualmente os blocos de endereço estão sendo distribuídos gratuitamente para quem já possui AS com IPv4.
o nic ambém permite o transito experimental no PTTMetro de São Paulo, e ainda oferece para operadoras e outros usuários que possuem AS, treinamento gratuito, de uma semana, sobre o IPv6.
Quem não possui um AS pode baixar do site do nic a apostila utilizada no treinamento. O material é bem didático, e é uma ótima maneira de começar a estudar este novo protocolo.
A maior parte do conteúdo deste post foi retirada desta apostila, inclusive.
E para facilitar, tem também o Workshop IPv6, onde o Adilson Florentino do blog Netfinders Brasil (utilizando parte do treinamento do nic) fez uma ótima apresentação do protocolo e endereçamento IPv6 (conteúdo do próximo post).
Até a próxima.